junho 20, 2004

Ganhámos aos espanhóis, porra!



Um golo de Nuno Gomes, aos 57 minutos, chegou para Portugal bater a Espanha (1-0) e qualificar-se para os quartos de final do Euro2004 de futebol, deixando pelo caminho o vizinho ibérico. Depois da infeliz estreia com a Grécia (derrota por 2-1), Portugal venceu a sua segunda "final" do Grupo A, quatro dias depois de ter retomado o caminho do apuramento com o triunfo por 2-0 sobre a Rússia, equipa que bateu a Grécia por 2-1. Desta forma, Portugal acabou por assegurar o primeiro lugar do agrupamento, com seis pontos, mais dois que os gregos, que acompanham a selecção anfitriã nos quartos de final, apesar do desaire frente a uma equipa que já não tinha qualquer hipótese de qualificação. Um dia depois da República Checa, que venceu a Holanda por 3-2, na segunda jornada do Grupo D, Portugal e Grécia são as outras duas equipas já apuradas para a segunda fase da competição. A selecção espanhola de futebol repetiu a sua história ao ser afastada de um grande torneio internacional pela equipa anfitriã, assinalou a agencia noticiosa espanhola EFE acerca da derrota frente a Portugal por 0-1. Há dois anos, a Espanha foi eliminada do "Mundial" pela Coreia da Sul, lembra a EFE, referindo que Portugal, como quase todos os outros países que já organizaram o campeonato europeu de futebol, conseguiu qualificar-se para os quartos de final. "Uma chicotada de Nuno Gomes destruiu o plano de Espanha", diz também a EFE. Segundo a agência Associated Press, "o suplente Nuno Gomes catapultou Portugal para os quartos de final com o único golo do jogo". O resultado permitiu a Portugal "ultrapassar um inicio decepcionante" do Euro, quando perdeu frente à Grécia por 1-2, e desencadeou a festa entre os adeptos que acorreram ao Estádio Alvalade XXI, diz a Associated Press. "Espera-se Raul ou Figo e, afinal, foi o "jocker" Nuno Gomes, que entrou na segunda parte no lugar de um apagado Pauleta, que marcou o golo que qualificou Portugal", realça a agência France Press, para quem o encontro ibérico foi "muito renhido" e o "explosivo" Nuno Gomes foi a "faísca" que incendiou o jogo. (RTP)


"Ó Maria, esta noite há festa lá em casa”.

Os espanhóis desiludidos! (o que é que esperavam?)

O que dizem os jogadores

"Sinistro total", diz o El Mundo



Luiz Felipe Scolari (seleccionador de Portugal): "Foi a vitória de um grupo que trabalhou para vencer. De todos eles e do público que incentivou e acarinhou desde os jogos com a Grécia e com a Rússia. Vibrámos todos juntos, com todo o entusiasmo.

Não podemos dizer que foi um grande jogo, sem erros. Foi um jogo disputado, em que mostramos a concentração e motivação com que temos de jogar.

Foi maravilhoso. Quero dar os parabéns a todas as pessoas que nos apoiaram, desde que saímos de Alcochete até que chegámos aqui. Agora, vou para casa, para a minha família, dar um abraço à minha mulher, porque não sei se consigo fazer outra coisa...

A chave foi o segundo jogo e tudo o que aconteceu no primeiro, que nos fez planificar melhor o segundo, e ainda o envolvimento da população, após o jogo com a Rússia. Foi brilhante e deu-nos alento e atitude na briga com a Espanha.

Tivemos a supremacia, tivemos cinco situações e eles duas ou três. O espírito da equipa e do povo português foi fantástico. (Fiz história) no sentido positivo e negativo, porque também perdi jogos que Portugal nunca tinha perdido. O mais importante foi este jogo. Foi hoje e foi óptimo.

Fisicamente a equipa está muito bem. Tecnicamente ainda temos de aprimorar alguns aspectos. Amanhã é dia livre. Só à noite é que a equipa se vai juntar em Alcochete. Adianto já, que vou mudar a equipa.

Algumas críticas são construtivas, outras absurdas. Só se prova alguma coisa ganhando. Tem muito arquitecto, vendedor escrevendo, que não tem a profissão de jornalista.

O que vier agora é lucro. Não existem mesmo equipas fracas. Por exemplo, a Letónia perdeu com a República Checa por milagre. Quero mandar daqui um abraço para a equipa da Croácia, que nos tem mandado faxes de apoio desde o início. Boa sorte Croácia. Quero ainda agradecer ao senhor Saez pela gentileza e cavalheirismo depois do jogo.

Tive dificuldade na montagem de um grupo, porque não tive tempo para conhecer os atletas. Tecnicamente não tive problemas. Conhecer as pessoas foi o maior problema. Não sou um conhecedor de psicologia e fui tomando as decisões para resolver os problemas".



Portugal alcançou uma vitória extremamente saborosa frente à Espanha (1-0) e qualificou-se para os quartos-de-final do Euro 2004.

Nuno Gomes entrou ao intervalo para o lugar do "apagado" Pauleta e deixou um país em festa, com a obtenção do golo solitário da partida que "atirou" a formação espanhola para fora do Campeonato da Europa.

Sabia-se de antemão que não havia margem de erro para os dois lados, no jogo do "tudo ou nada". A verdade é que, apesar do maior ímpeto português nos 20 minutos iniciais, a primeira parte foi disputada palmo a palmo, com marcações rígidas, apenas desfeitas pelos movimentos imprevisíveis de Cristiano Ronaldo e de Deco.

Se o extremo do Manchester United trocou as voltas aos adversários directos, Deco esteve também ao seu melhor nível. Contudo, a "chave" do êxito português assentou no colectivismo, já que no plano defensivo todos os jogadores revelaram um enorme sentido de entreajuda.

Vicente e Joaquin foram bem anulados por Miguel e Nuno Valente, sendo também de destacar as exibições de Ricardo Carvalho e de Jorge Andrade em terrenos mais recuados.

O nulo que se verificava ao intervalo interessava aos espanhóis e daí que Scolari tenha mudado de pontas-de-lança na perspectiva de incutir maior dinâmica no último terço do campo. Para o seleccionador foi o "jackpot": Nuno Gomes chegou viu e venceu. À imagem do célebre golo frente à Inglaterra no Euro 2000, a "crença" do ponta-de-lança foi fundamental e, num remate de fora da área, deixou Alvalade em autêntico delírio.

Já era esperada a reacção espanhola que, de facto, chegou a deixar os adeptos lusos algo apreensivos.

Fernando Torres atirou ao poste e, mais tarde, seria Helguera a ver a barra negar-lhe o golo. O conjunto orientado por Iñaki Saez foi encostando Portugal à sua área e Scolari foi obrigado a mexer na equipa, abdicando de Figo e de Cristiano Ronaldo, em nome de uma maior consistência defensiva.

Nesta fase crucial do jogo, Deco soube guardar a bola, jogando com o relógio. Aproveitando o "desespero" espanhol, Portugal esbanjou ainda três ocasiões de golo soberanas (Nuno Gomes, Maniche e Costinha) até ao apito final de Anders Frisk.

Com este triunfo, a selecção nacional juntou o útil ao agradável e garantiu o primeiro posto do grupo A, beneficiando da derrota da Grécia frente à Rússia. (SIC)