janeiro 10, 2005

Demissões na CBS

Três executivos da CBS foram aconselhados a pedir a demissão e uma produtora foi despedida como resultado do inquérito à transmissão de uma reportagem, com base em documentos não autenticados, sobre o tratamento de favor dado ao então tenente George W. Bush quando serviu na força aérea da Guarda Nacional do Texas.

A comissão de inquérito, chefiada pelo ex-procurador-geral Dick Thorburgh e o ex-presidente da Associated Press, Louis Boccardi, concluiu, num relatório de 224 páginas, que na reportagem em questão não foram seguidos os princípios jornalísticos básicos, prevalecendo antes o desejo de ultrapassagem da concorrência, e que houve uma defesa «rígida e cega» do procedimento, quando a veracidade dos documentos em que a reportagem se baseava foi posta em causa.

Dan Rather

A vice-presidente Betsy West, que dirigia os programas noticiosos do prime time da CBS, Josh Howard, produtor executivo do 60 Minutos Quarta-Feira, e a sua adjunta, a produtora Mary Muphy, foram aconselhados a demitir-se. A produtora Mary Mapes foi despedida. Dan Rather, o apresentador do programa, abandonará a cadeira de pivô no próximo dia 9 de Março, aniversário da data em que substituiu Walter Cronkite, em 1981.

O inquérito revelou que terá sido Mary Mapes quem mais pressão fez para que a peça fosse transmitida de imediato. Com base em Dallas, Mapes era uma produtora veterana, tendo preparado para Dan Rather reportagens sobre a guerra no Afeganistão e tendo sido a primeira a conseguir fotografias dos abusos na prisão de Abu Ghraib.

No caso em questão, Mapes terá conseguido os documentos assinados pelo comandante de Bush, o coronel Jerry Killian, já falecido, de um ex-coronel da Guarda Nacional, Bill Burkett, que os terá forjado num processador de texto.

Em princípios de Setembro, a campanha eleitoral para as presidenciais estava no auge e, antes da transmissão da reportagem, Mapes telefonou a Joe Lockhart, um dos directores da campanha do democrata John Kerry, oferecendo- -se para o pôr em contacto com Bill Buckett, no que o inquérito considerou ser «um claro conflito de interesses que criou a aparência de preconceito político».

Um factor-chave para a decisão de a reportagem ser transmitida a 8 de Setembro foi Mapes garantir ter confirmado, telefonicamente, com o general Bobby Hodges, comandante de Killian, a autenticidade dos documentos. Hodges diz que, pelo contrário, tinha grandes dúvidas sobre os documentos em causa.