dezembro 28, 2005

PORTUGAL / Boas-Festas "cavaquistas"

PS denuncia «golpe constitucional». O porta-voz do PS denuncia que Cavaco Silva está a propor uma «espécie de golpe constitucional», a propósito das polémicas declarações do candidato na corrida a Belém. Por seu lado, Nuno Severiano Teixeira diz que, caso Cavaco Silva seja eleito Presidente da República, será um elemento que irá provocar «instabilidade política».

Numa entrevista publicada no «Jornal de Notícias», Cavaco Silva é questionado sobre o problema da deslocalização de empresas estrangeiras, dando o exemplo de alguns países europeus - como a Aústria -, onde elementos do Governo acompanham regularmente a situação dessas empresas.

Cavaco Silva entende que um secretário de Estado deveria fazer isso mesmo em Portugal e, quando questionado pelo jornal se vai fazer essa proposta ao Governo, o candidato presidencial responde que já o está a propor.

Entretanto, Cavaco já garantiu que não fez proposta nenhuma, sublinhando que não pretende, de modo algum, sugerir algo que é da exclusiva competência do primeiro-ministro.

Apesar destas últimas declarações, o porta-voz do PS, Vitalino Canas, denuncia um «golpe constitucional» de Cavaco Silva.

« Esse incidente inicia um problema sério: ou o professor Cavaco Silva não sabe exactamente o que é um Presidente da República no quadro constitucional português, ou, se sabe, está a propor uma espécie de golpe constitucional, uma vez que está a querer que o PR, a partir de Belém, possa intrometer-se contra o que está previsto na Constituição na organização interna do Governo português», afirmou.

Cavaco será um elemento de «instabilidade política», diz Severiano Teixeira

Também o porta-voz de Mário Soares, Nuno Severiano Teixeira, comentou as palavras de Cavaco Silva, sublinhando que «este é mais um indício do incorrecto entendimento do sr. professor Cavaco Silva sobre as competências do Presidente da República».

Severiano Teixeira disse ainda que, caso Cavaco Silva seja eleito Presidente da República, será um elemento que irá provocar «instabilidade política».