Mão-dupla sertaneja ou os negócios do PT
BRASÍLIA - A dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que participou da campanha do presidente Lula em 2002, deu um show numa churrascaria em Brasília, anteontem à noite, para arrecadar fundos para a compra da nova sede petista. Com a venda dos ingressos, de R$ 250 cada, o partido angariou R$ 250 mil. Os músicos abriram mão do cachê para ajudar o PT, mas aguardam uma resposta do Banco do Brasil, como noticiou Ancelmo Gois em sua coluna, sobre pedido de patrocínio para sua turnê deste ano.
A assessoria do Banco do Brasil confirmou estar analisando o pedido da dupla sertaneja. O BB não quis revelar o valor, mas também não negou que seja de R$ 5 milhões. Segundo um técnico do banco, a dupla teria apresentado proposta para divulgar o Banco Popular do Brasil, subsidiária do BB que atende a pessoas com renda inferior a R$ 500. Seria um patrocínio de longo prazo com possibilidade de uso da imagem dos artistas.
O presidente do PT, José Genoino, disse que não vê problema ético no fato de a dupla sertaneja fazer eventos para conseguir recursos para o PT e ao mesmo tempo pedir patrocínio cultural de um banco estatal.
— Zezé di Camargo e Luciano são amigos do PT. Chegamos a ter um contrato comercial com eles na campanha de 2002. Mas não há relação entre este fato e um eventual patrocínio com o Banco do Brasil. Por serem amigos do PT, eles ficam proibidos de pleitear patrocínio? Eles têm direito a tentar isso — argumentou Genoino.
O show da terça-feira foi o segundo que a dupla fez para arrecadar fundos para a sede do PT. Segundo o tesoureiro da legenda, Delúbio Soares, o show arrecadou R$ 250 mil para o partido. Ao todo foram vendidas 500 mesas de quatro lugares (duas mil pessoas) por R$ 1 mil cada. Na semana passada, outro show com a dupla, no Olímpia, em São Paulo, arrecadou R$ 500 mil. Segundo um integrante da executiva nacional do PT, a sede deve custar cerca de R$ 15 milhões.
“Que história é esta de sede do PT?”
Na fila de entrada da churrascaria em Brasília, a maior parte dos fãs da dupla sertaneja desconhecia que o evento seria para arrecadar fundos para o PT. Alguns não esconderam o desconforto quando souberam que o lucro da bilheteria seria revertido para a compra da sede petista, o que não ocorrera no show da semana passada, em São Paulo, já que o ingresso informava que era um show beneficente do PT.
— Estou aqui para ver o show do Zezé di Camargo e Luciano, que eu adoro! Que história é esta de sede do PT? — estranhou a deputada Nice Lobão (PFL-MA).
Diversos ministros prestigiaram o evento, entre eles Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), Nilmário Miranda (Secretaria de Direitos Humanos), Eduardo Campos, (Ciência e Tecnologia), Eunício Oliveira (Comunicações) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), que furou a fila de entrada.
— Nem fale. Paguei R$ 250. Para mim, esse dinheiro faz falta. Como estou gripado, não posso ficar na fila com frio — justificou Dulci.
Mesmo tentando arrecadar fundos, o PT comprou 15 mesas para convidados vips, entre eles líderes e presidentes de partidos da base aliada como Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PL), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e José Borba (PMDB-PR).
— É a primeira vez que ganho uma coisa de graça do PT — ironizou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP).
Os cantores sertanejos não esclareceram ao público o objetivo do show. A única referência ao PT foi feita no agradecimento final, quando Zezé citou as presenças de Genoino, Delúbio e do deputado federal José Mentor (PT-SP).
Gerson Camarotti/O Globo
A assessoria do Banco do Brasil confirmou estar analisando o pedido da dupla sertaneja. O BB não quis revelar o valor, mas também não negou que seja de R$ 5 milhões. Segundo um técnico do banco, a dupla teria apresentado proposta para divulgar o Banco Popular do Brasil, subsidiária do BB que atende a pessoas com renda inferior a R$ 500. Seria um patrocínio de longo prazo com possibilidade de uso da imagem dos artistas.
O presidente do PT, José Genoino, disse que não vê problema ético no fato de a dupla sertaneja fazer eventos para conseguir recursos para o PT e ao mesmo tempo pedir patrocínio cultural de um banco estatal.
— Zezé di Camargo e Luciano são amigos do PT. Chegamos a ter um contrato comercial com eles na campanha de 2002. Mas não há relação entre este fato e um eventual patrocínio com o Banco do Brasil. Por serem amigos do PT, eles ficam proibidos de pleitear patrocínio? Eles têm direito a tentar isso — argumentou Genoino.
O show da terça-feira foi o segundo que a dupla fez para arrecadar fundos para a sede do PT. Segundo o tesoureiro da legenda, Delúbio Soares, o show arrecadou R$ 250 mil para o partido. Ao todo foram vendidas 500 mesas de quatro lugares (duas mil pessoas) por R$ 1 mil cada. Na semana passada, outro show com a dupla, no Olímpia, em São Paulo, arrecadou R$ 500 mil. Segundo um integrante da executiva nacional do PT, a sede deve custar cerca de R$ 15 milhões.
“Que história é esta de sede do PT?”
Na fila de entrada da churrascaria em Brasília, a maior parte dos fãs da dupla sertaneja desconhecia que o evento seria para arrecadar fundos para o PT. Alguns não esconderam o desconforto quando souberam que o lucro da bilheteria seria revertido para a compra da sede petista, o que não ocorrera no show da semana passada, em São Paulo, já que o ingresso informava que era um show beneficente do PT.
— Estou aqui para ver o show do Zezé di Camargo e Luciano, que eu adoro! Que história é esta de sede do PT? — estranhou a deputada Nice Lobão (PFL-MA).
Diversos ministros prestigiaram o evento, entre eles Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), Nilmário Miranda (Secretaria de Direitos Humanos), Eduardo Campos, (Ciência e Tecnologia), Eunício Oliveira (Comunicações) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), que furou a fila de entrada.
— Nem fale. Paguei R$ 250. Para mim, esse dinheiro faz falta. Como estou gripado, não posso ficar na fila com frio — justificou Dulci.
Mesmo tentando arrecadar fundos, o PT comprou 15 mesas para convidados vips, entre eles líderes e presidentes de partidos da base aliada como Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PL), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e José Borba (PMDB-PR).
— É a primeira vez que ganho uma coisa de graça do PT — ironizou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP).
Os cantores sertanejos não esclareceram ao público o objetivo do show. A única referência ao PT foi feita no agradecimento final, quando Zezé citou as presenças de Genoino, Delúbio e do deputado federal José Mentor (PT-SP).
Gerson Camarotti/O Globo
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