janeiro 20, 2006

PRESIDENCIAIS / Gente II

A força da caramunha. Jerónimo de Sousa prometeu e cumpriu. O Pavilhão Atlântico de Lisboa encheu no sábado passado para o maior comício da campanha comunista e, por razões de segurança impostas pelas normas da casa, cerca de cinco mil pessoas ficaram literalmente à porta. Vindos de muito longe, aguentaram-se a pé firme e ao frio do Inverno, a ver num ecrã gigante o que se passava lá dentro. «Assim se vê a força do PC», gritava-se. Sem dúvida! Mais do que força para rechear um pavilhão é preciso alento para não desistir quando apenas se tem um lugar à porta. Lá dentro, Jerónimo chegou ao palco e aproveitou todas as deixas para atacar Cavaco em todas as frentes. «É grande o atrevimento de quem sabe que fez o mal e agora a caramunha!», dizia, recorrendo ao dito popular que significa que alguém é responsável por uma acção da qual depois ainda se queixa. De facto, em fase de mobilização, nenhum comunista se caramunhou por ficar à porta. Um grupo de Monte do Trigo, perto de Portel, confessava que ficara à porta «com muito orgulho». Não há caramunhices para ninguém.

Louçã, o salvador. Francisco Louçã tem aproveitado esta campanha eleitoral para responder a convites que tinha na sua agenda e aos quais parecia não saber o que fazer. Na última semana desta contenda para as presidenciais o candidato bloquista resolveu ir conhecer a Escola Superior de Teatro e Cinema, do Instituto Politécnico de Lisboa, que está instalado na Amadora profunda. A comitiva seguia pelos corredores labirínticos do moderno edifício da escola até que foi parar à sala do guarda-roupa. Aí, houve quem não resistisse a comentar: «Haverá cá algum fato de D. Sebastião que sirva a este candidato?» Mas infelizmente para Francisco Louçã, ainda não foi desta que pôde vestir a pele de salvador.

Filho de peixe... Numa altura em que tanto se fala de renovação nos partidos, a caravana eleitoral de Mário Soares não se pode queixar de não estar a lançar sementes para o futuro. Embora a JS já tenha tido melhores dias, fez um esforço para animar a campanha e tem conseguido dar cor à difícil cruzada soarista. A confirmar que filho de peixe sabe nadar, na estrutura jovem da campanha têm-se destacado os filhos de três conhecidos nomes do PS: Pedro Costa, filho do ministro António Costa, que aparece quando as aulas lho permitem; Paulo Penedos, filho do ex-dirigente José Penedos, que ajuda a organizar a volta do candidato; e Francisco César (na foto), filho do líder açoriano Carlos César, que coordena a caravana jovem. Parecido com o pai, tem sido uma preciosa ajuda para Soares mesmo quando o hino «MP3 não há duas sem três» custa a entrar nos meios menos urbanos. Há dias, em plena Beira Alta, uma mulher tentava acompanhar a toada gritando: «RTP não há duas sem três». [EXPRESSO]