julho 09, 2004

O Henrique Mendes



Diz o Correio da Manhã de hoje:

"Quando se pensa em Henrique Mendes, uma das primeiras imagens que nos vem imediatamente à memória é o ar meigo, o lado humano e sensível daquele que era mestre na arte de encher o ecrã".

Eu peço imensa desculpa mas a mim o Henrique Mendes o que me faz recordar é a imagem do fascismo. Ele foi um dos rostos do fascismo em Portugal. Nunca levantou a voz para protestar pelos colegas que eram despedidos da RTP, ou proibidos de trabalhar lá ou em qualquer das emisoras de radio em que trabalhou. Foi Henrique Mendes quem leu o comunicado de Caetano a anunciar o fim da Revolta da Caldas, narrou – junto a Artur Agostinho – a ceremonia da “brigada do reumático”, quando todos os generais foram beijar a mão de Marcelo Caetano. Escreveu um livro ausente de remorsos onde não mostrou o mais mínimo sinal de arrependimento e foi-se deste mundo ontem acreditando que a democracia é um disparate. Como se não bastasse, o “Ponto de Encontro”, programa de nobres intenções, foi sempre apresentado com uma piroseira que vai mais além de qualquer… coisa.

Tudo isto à parte, paz à sua alma. [RF]