junho 30, 2004

BELEZA!



VER AQUI AS IMAGENS DA VITORIA



Portugal rima com...final. Pela primeira vez na história, a selecção portuguesa alcançou uma final de uma grande competição, a nível sénior. Cristiano Ronaldo e Maniche apontaram os tentos lusos e nem a infelicidade de Jorge Andrade (autogolo) salvou a "laranja mecânica". Continua.



Pedido de casamento aceite

Luiz Felipe Scolari mais dois anos em Portugal

O Treinador brasileiro acabou com as dúvidas das últimas semanas. Durante a conferência de imprensa que se seguiu ao jogo que colocou Portugal na final do Euro 2004, "Felipão" mostrou a aliança ao país e garantiu que o casamento vai durar mais dois anos.



Luiz Felipe Scolari revelou hoje ter renovado por mais dois anos o contrato com a Federação Portuguesa de Futebol, no final da vitória sobre a Holanda (2-1), que colocou Portugal na final do Euro2004 de futebol.

"Eu quero dizer que o meu presidente (Gilberto Madaíl) tem falado em casamento, no bom sentido. Quero dizer que a aliança está aqui e nós casámos por mais dois anos... no bom sentido", confirmou o técnico, agora a uma vitória de juntar o título mundial (2002, pelo Brasil) ao europeu.

Com esta revelação, terminam definitivamente as especulações sobre o futuro do treinador brasileiro, que chegou a ser apontado como o próximo técnico do Benfica.



Pra ti também, pá!

Já não bastava termos de marcar os golos todos do jogo, os nossos e os dos outros. Já não bastava andarmos a dar golos de avanço aos adversários para não se queixarem de falta de hospitalidade. Já não bastava os ingleses a quererem marcar enquanto sobem para cima do guarda-redes e queixarem do estado das marcas de penalty do Estádio da Luz. E agora este Van Nistelrooij ainda tem coragem de chamar ao árbitro "een thuisfluiter"!

Cortesia do Barnabé

A Vitória de Portugal acabou sendo seu maior presente hoje

Beijos da familia Guimarães

Parabens Rui Ferreira

Ao amigo de sempre,ao super fotográfo, ao jornalista sensível e competente aquele abraço pelo dia de hoje.
Amigos do Rio de Janeiro
30/06/2004

PORTUGUESES QUEREM ELEIÇÕES ANTECIPADAS

junho 29, 2004

Playboy do Afeganistão

O Gambá que se foda! apresenta em riguroso exclusivo a capa do primeiro numero da playboy afegã. Não perca esta oportunidade.

Uma pausa para reflexão… com o Jabor!

‘Pelé eterno’ me trouxe a infância de volta

Arnaldo Jabor

Eu não entendo de futebol. Onde eu morava, na Urca, comprido como uma cegonha triste (que aliás era meu apelido), havia vários times de praia, com belas camisas coloridas. Eu era fanático pelo Ipiranga, de uniforme verde e vermelho, que eu almejava ostentar um dia, de preferência se Silvinha, moreninha de olhos verdes, estivesse na amurada me vendo driblar adversários, dando-lhes chapéus sucessivos e entrando triunfalmente pelo gol do La Vai Bola, temido time do Leme. Mas faltava-me agressividade, faltava-me a virilidade dos garotos da rua, duros e secos, porradeiros e xingadores, faltava-me a natural destreza das panturrilhas musculosas. Por isso, eu era o eterno aspirante a uma vaga, rondando as convocações do time, quando as camisas eram distribuídas pelo capitão. Em uma tarde de domingo, faltou o ponta-esquerda titular do Ipiranga, que ficara de castigo em casa por ter espirrado, de sua varanda, tintas de caneta Parker na cabeça dos passantes. Eu me acendi de esperança. O capitão do time, o temido Acreano, me examinou de longe com as camisas na mão. Meio contrafeito, como quem faz um favor, atirou-me a almejada camiseta. Vesti-a com o coração aos pulos, sentindo que uma vida nova começava, espiando pelo canto do olho as meninas já sentadas na amurada, Silvinha entre elas, em cochichos e risos com suas blusinhas de “ban-lon” e saias plissadas. Desfilei por ali, sem olhá-las diretamente, com a naturalidade de um profissional, chegando mesmo a tentar uma discreta embaixadinha.

O juiz já estava de apito na boca, e era o famoso Mário Vianna, que morava ali na orla e, às vezes, brincava de apitar jogos de garotos, como aquele, entre o Ipiranga e o Arsenal, com suas listas azuis e douradas. Eu, de mãos na cintura e tornozeleira, firmava um olho na bola e o outro em Silvinha, concentrando energia para dar o melhor de mim e sair da condição de “babaca”, classe onde eu vivia, para entrar na categoria dos fortes, dos brutos.



Foi aí que minha vida começou a mudar. O juiz ia apitar quando se ouviu um alarido de “pára, pára”, cobrindo a chegada esbaforida de Porcolino, o festejado ponta-esquerda do Ipiranga, que fugira de casa e corria para sua posição de titular. Em um segundo, o capitão Acreano tirou-me a camisa e entregou-a a Porcolino, famoso por um raro gol de bicicleta que fizera contra um time visitante.

Parecia que me tiravam a pele, quando arranquei a camisa verde e rubra; sentia-me nu e arrojado de volta à classe dos “otários”, fugindo do olhar de Silvinha, que, certamente, me fitava com desprezo, enquanto eu corria para o mar, onde saí nadando para esconder, na água salgada, o choro da vergonha.

Daí para a frente, foram humilhações sucessivas no futebol. Nunca integrei o primeiro time de nada no colégio de padres, nunca recebi uma taça, nunca arranquei poeira do chão com chuteiras masculinas e ferozes que rangiam em disputadas partidas, nunca conheci a alegria dos aplausos suados, descabelados, nas manhãs azuis dos padres jesuítas.

Nessa época, meu avô me levava ao Maracanã, ele, fantástico malandro carioca que era amigo de Danilo do Vasco, que morava na mesma rua do Méier. O estádio ainda era novo e tinha muitos amistosos. Creio que foi durante um jogo entre o Portsmouth inglês e uma seleção nacional que tive meu contato com o terror. Até hoje sinto o arrepio, quando vi que meu destino de perna-de-pau estava traçado, não só no futebol mas talvez na vida, pois percebi com pânico que, enquanto todo mundo na arquibancada olhava o jogo, eu olhava os torcedores olhando o jogo. Percebi que estava vendo suas reações, seus gritos e palavrões, seus olhos e bocas desdentadas atentíssimos ao campo, enquanto eu os observava de fora, como se fosse de outro planeta. (Os negros eram mais negros na época e quase ninguém tinha dente). Essa sensação de estar “fora” sempre me acompanhou pela vida. Nessa época, como um mecanismo de defesa, passei a ostentar uma indiferença superior ao esporte, o que me cortava a emoção que eu invejava nos torcedores.



Até que um dia meu avô me levou para ver Vasco x Bangu, um clássico da época. Foi então que tive uma visão mágica e salvadora. No meio do jogo, de repente, um jogador mulato de camisa listrada de vermelho e branco arrancou numa corrida extraordinária, driblou vários “joões”, deu chapéus nos half-backs , executando um balé de volteios ferozes e sutis como um cossaco dançante, levou a bola colada no pé, como um cachorrinho dócil, e colocou-a no canto da trave, sob o olhar abobalhado do goleiro. Nesse instante, fui tomado por uma funda emoção e entendi o que era arte. Não só do futebol — mas arte mesmo. Gritavam todos: “Zizinho, Zizinho!!!”... Eu tinha sentido a beleza de uma obra feita de ar, movimento, engano e dança, feita de fúria e delicadeza, de velocidade e lentidão. Por segundos, Zizinho me fez esquecer de mim mesmo e lembro com grande saudade que, por alguns segundos, eu fui como todo mundo, igual, perdido na massa pobre do tempo, sentindo a alegria da normalidade, sem medo, sem tremor, antes que a minha solidão melancólica viesse se reinstalar.

Muitos anos depois, eu assisti a uma entrevista de Pelé, onde ele declarou : “Nunca vi ninguém jogar tão bem quanto Zizinho!”.

Nesse instante, Pelé se ligou a mim naquela tarde remota do Maracanã. Ele também vira o gênio. Eu me senti remido por Pelé, que é da minha idade. A partir daí, acompanho sua genialidade na vida e no campo. Ontem, fui ver o extraordinário filme de Anibal Massaini — “Pelé eterno” — e senti a mesma coisa da infância, ao lado de meu avô, no Maracanã: esqueci-me de mim. Estava de novo diante da beleza que vi em Zizinho. Não estava assistindo a um jogador apenas. A sensação é o mesmo êxtase de se ver uma exposição de Picasso ou, sei lá, Shakespeare. Pelé não é apenas um atleta, é um escultor do ar, um grande poeta de gestos e músculos. Ele não busca o gol apenas, busca a felicidade da beleza. Ele viveu a vitória total e consola milhões de fracassados como eu, de quem tiraram a camisa verde e rubra do Ipiranga em minha trêmula infância de praia.

(C) O GLOBO

Sei para onde vou

«Este é o caminho. É por aqui que eu vou, nesta direcção, para cima, assim ...



Quanto a vocês... amanhem-se...»
Cortesia dos Galarzas.

Tudo isto porque, finalmente, se bem que não foi uma surpresa para ninguém, o Durão lá anunciou que vai para Bruxelas e deixa o país à rasca. Não digo que entregue à bicharada porque isso já está. Eu só espero que ele apareça amanhã no jogo Portugal/Holanda para ver a vaia que vai apanhar. A que levou no estádio da Luz há uns meses não será nada comparado. Vamos ver! [RF]

Em comunicação ao país
Durão Barroso aceita convite para a presidência da Comissão Europeia

O primeiro-ministro, Durão Barroso, anunciou hoje que aceitou o convite para substituir Romano Prodi na presidência da Comissão Europeia.

Numa curta declaração a partir da residência oficial de São Bento, e sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, Barroso disse que aceita ir para Bruxelas num "momento excepcional" da construção da União Europeia com a concretização do alargamento e com a aprovação da Constituição Europeia.

"Nenhum líder se deve furtar a dar o seu contributo para uma União Europeia mais forte e mais justa", acrescentou o chefe do Executivo, recordando que Portugal "deve muito" à Europa e que, quando esta pede o contributo do país, "não se deve dizer não".

Para Durão, o cargo de presidente da Comissão Europeia é o cargo mais importante na Europa a que um português pode aspirar.

O primeiro-ministro demissionário confessou que a decisão de abandonar o Governo português "não foi fácil". "Pensei nos portugueses e na forma como podia defender o seu futuro".

Durão agradeceu ao Governo e ao Presidente da República, com quem disse ter mantido contactos constantes para o informar de todos os desenvolvimentos do processo.

O futuro presidente da Comissão Europeia manifestou ainda respeito pela autonomia do Presidente da República na gestão do futuro político do país que esta demissão provocou. Durão afirmou estar confiante na solução que vai ser encontrada que, na sua opinião, deve garantir "a estabilidade política e a continuidade do projecto político sufragado pelos portugueses".

Durão Barroso foi formalmente convidado no domingo para suceder ao italiano Romano Prodi, com o consenso da generalidade dos restantes líderes europeus sobre o nome do primeiro-ministro português e líder do PSD.

A nomeação formal do primeiro-ministro português como presidente da Comissão de Bruxelas será feita na cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo dos 25 países da UE, que a presidência irlandesa convocou para hoje à noite, em Bruxelas.

O nome de Durão Barroso terá depois de ser submetido ao Parlamento Europeu para confirmação.

Hoje o prof. Freitas do Amaral escreveu uma carta ejemplar ao PR. Podem a ler aquí.

junho 28, 2004

Porque me sale de los cojones!

Lá está ele

Já começam…

Ferreira Leite Diz Que Substituição de Durão Sem Congresso É "Golpe de Estado"

"Sem um Congresso ninguém tem legitimidade para nomear um novo Presidente do PSD e, por inerência, primeiro-ministro. Tal configuraria um golpe de estado no partido", declarou ontem ao PÚBLICO Manuela Ferreira Leite, ministra de Estado e das Finanças.

Na opinião da ministra de Estado e das Finanças, não existe uma hierarquia formal na Comissão Política do PSD, lembrando que "quando os militantes votaram, no último Congresso, não estavam a escolher também o número dois ou o número três do partido, estavam a votar na lista do presidente do partido". Ou seja, o facto de Pedro Santana Lopes ter sido eleito primeiro vice-presidente não faz dele sucessor automático de Durão Barroso tanto mais que, em Congressos do PSD, sempre que se candidatou à liderança, o que sucedeu por três vezes, embora só tenha levado uma candidatura até ao fim, perdeu por larga margem. "Qualquer solução terá sempre de passar por um Congresso do partido", conclui Ferreira Leite, que é a número dois do Governo e, como tal, também foi apontada como possível sucessora de Durão.

junho 27, 2004

O golpe de estado institucional

Eles sabem que trocar o Durão Barroso pelo Santana Lopes é um golpe de estado institucional. Os eleitores que porventura votaram no primeiro poderiam não eleger necesariamente o segundo. Se bem que a diferença entre um e o outro é a mesma que há entre a Pepsi e a Coca-Cola, a verdade é que dentro do partido do poder já há muita gente a tremer. E o Presidente da República também não anda nada contente. [RF]


Durão.


Pedro, o Usurpador, como diz o Bernabé…

O Comentário de TERESA DE SOUSA, no Público de hoje.


"O Povo Não Come Isso e Tem de Haver Eleições"

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA / Público
27.6.2004

Da Feira da Ladra aos Restauradores, passando por Alfama e Rossio, apenas três pessoas manifestaram o seu contentamento na eventualidade de Pedro Santana Lopes vir a chefiar o Governo. "A seguir ao Durão é a pessoa mais inteligente. Quer dizer, ainda há o Louçã, mas esse é da esquerda e não pode ser". Carlos Rebelo, 58 anos, vendedor "ocasional" na Feira da Ladra, não tem dúvidas de que o presidente da câmara "é quem tem mais capacidade para tomar decisões". "Já reparou que ele fala sem papel à frente?".

Ali ao lado, um casal de feirantes puxa também do assunto, partilhando a simpatia por Santana Lopes. "Gosto bastante dele e estou de acordo que seja primeiro-ministro", diz Maximiano, 78 anos. A mulher concorda, mas faz um curioso reparo: "Tem um grande defeito: gosta muito de mulheres".

À sombrinha, um grupo de vendedoras olha para quem por ali deambula. Santana Lopes para primeiro-ministro? A pergunta suscita uma pequena discussão. Alguém "ousa" elogiar o "trabalho exemplar" do autarca, e acende-lhe um rastilho. "Exemplar em quê? Comigo ele não vai lá, nem com o leite que a minha mãe me deu!", irrita-se uma mulher.

As palavras dão azo a um pequeno ajuntamento de feirantes, que vão lançando improprérios contra Durão Barroso e Santana Lopes, à mistura com diversas alusões a Manuela Ferreira Leite e Leonor Beleza. "O povo não come isso e tem de haver eleições", aponta uma vendedora. "Está tudo abandalhado que não há ninguém competente para ir para lá", resmunga outra.

Descendo a rua do Paraíso, rumo a Alfama. Na pastelaria "Alfacinha", numa das principais artérias do bairro, as notícias que abriram os jornais televisivos, às 13h00, deixaram alguns clientes siderados na televisão. Santana Lopes já não recolhe muita simpatia naquela freguesia comunista e a notícia de que poderá vir a chefiar o Executivo fez torcer a boca a muita gente, como contou ao PÚBLICO Armando, 33 anos, empregado do café. "Não foi o povo que o elegeu, portanto há que antecipar as eleições", afirmou, esperançoso de que existam "pressões para o Presidente da República pedir eleições".

Num dos pequenos largos de Alfama, Carlos, 59 anos, começa por destilar a sua descrença na classe política, "essa cambada de parasitas", mas depois salienta que se Jorge Sampaio não convocar eleições "é uma desgraça para o povo". "Se não o fizer", frisa, "voltamos ao antigamente, quando se nomeava quem eles queriam".

Na praça de táxis do Rossio, os motoristas também comentaram o assunto durante a manhã de ontem, tendo concordado na posição de que "o povo é quem tem de decidir", sintetizou ao PÚBLICO um taxista. Próximo dali, Gabriel, 25 anos, dono de um quiosque de jornais, ouviu ao longo de toda a manhã os mesmos comentários. "As pessoas acham péssimo se não houver eleições porque elegeram o Durão e não o Santana", diz. "São duas pessoas completamente distintas", explica, acrescentando que "se Santana for para primeiro-ministro Cavaco Silva não se candidata ou se o fizer perde as eleições presidenciais".

Num momento em que os participantes da marcha do Orgulho Gay, ontem realizada, já começavam a dispersar-se pelo Rossio, Pedro Barros, 30 anos, refrescava-se numa das fontes da praça. "Santana Lopes não é a favor dos gays", disse, explicando que durante o desfile as pessoas que trocaram opiniões sobre o assunto defenderam a antecipação das legislativas. "Muitos disseram que preferiam Ferro Rodrigues para primeiro-ministro, mas pessoalmente eu preferiria João Soares".

Na estação de metro dos Restauradores, duas lojistas aceitaram fazer um pequeno jogo de associações. Santana Lopes: "É um 'bon vivant', falta-lhe seriedade e abandalha-se um bocadito". Durão Barroso: "É bom para a carreira dele ir para Bruxelas". Jorge Sampaio: "É uma pessoa muito sensata". Ferro Rodrigues: "Dá um bom primeiro-ministro". Manuela Ferreira Leite: "Credo!". Marcelo Rebelo de Sousa: "Gostamos muito e ouvimo-lo todas as semanas". Eleições antecipadas: "Transtorno".

junho 26, 2004

Livro mostra que o governo Geisel quis fabricar bomba nuclear

Aluizio Maranhão - O Globo

RIO - Já há algum tempo se sabe que um dia a ditadura sonhou em ter bombas nucleares para se contrapor à Argentina, país que povoou os pesadelos de várias gerações de militares. Agora, em "A Ditadura Encurralada", quarto livro de Elio Gaspari sobre os anos de chumbo, surgem provas de que esse sonho chegou a ser mencionado abertamente em pelo menos duas reuniões do presidente Ernesto Geisel com o Alto-Comando das Forças Armadas.

O diário de Heitor Aquino Ferreira, um jovem capitão que assessorou Golbery do Couto e Silva desde o governo Castello Branco, nos tempos da fundação do Serviço Nacional de Informações (SNI), registra no dia 29 de setembro de 1973, no início da montagem do governo, a frase de Ernesto Geisel: "Eu não quero fazer bomba atômica." Não é o que seria dito depois.

Em 1972, o então presidente Emílio Garrastazu Medici comprou uma usina nuclear junto à americana Westinghouse (Angra I). O país adquirira uma caixa-preta. Ou seja, o negócio não previa qualquer cessão de tecnologia. O urânio enriquecido que movimentaria o reator seria fornecido pelos americanos.

Geisel.

A ampliação da capacidade de geração de energia elétrica por fonte termonuclear voltaria à agenda do país no governo Geisel. A Eletrobrás propusera um plano, aceito pelo Planalto, de, em seis anos, erguer oito ou nove usinas no Sudeste, um programa de no mínimo US$ 4 bilhões. Mas dessa vez o país não queria caixas-pretas.

Como o governo americano, recorda Elio Gaspari, desejava estimular a privatização do mercado em enriquecimento de urânio, a Westinghouse pôde oferecer um pacote no qual, além das usinas, havia a oferta de transferência de tecnologia de enriquecimento. Em junho de 74, o Brasil depositou US$ 800 mil como uma espécie de sinal pelo fornecimento futuro do combustível para as novas usinas.

Dentro do governo, mais precisamente no Gabinete Militar, o tema era tratado de forma nada inocente. Consta da proposta de texto feito pelo general Hugo Abreu para Geisel ler perante o Alto-Comando: "Devemos ter presentes as vantagens estratégicas e políticas conseguidas por qualquer país que chegue à explosão nuclear, com maiores motivações para aqueles que necessitem restabelecer prestígio internacional e coesão externa com impactos desse vulto."

Geisel deixou de lado o trecho, na fala à cúpula militar, mas o seguiu em sua essência. Disse que o governo queria um projeto pelo qual tivesse o controle do combustível das usinas, até porque acreditava que os argentinos estavam em condições de "futuramente fazerem sua arma, seu engenho nuclear". O presidente disse que, quando o Brasil atingisse um patamar mais elevado nesse setor, seria então a hora de se ver "se a gente consegue desenvolver uma tecnologia para produzir arma nuclear como os outros têm." Como, em 1968, o presidente Costa e Silva resistiu às pressões americanas e não assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nuclear, o campo estava aberto para se seguir adiante.

Logo depois daquela reunião, os Estados Unidos, por causa da crise do petróleo, decidiu proteger os estoques de urânio enriquecido e voltou atrás em qualquer compromisso de fornecimento para futuras usinas no exterior. O depósito foi devolvido ao Brasil e foi aí que o governo voltaria a aproximar-se da Alemanha (em 1967 o chanceler Willy Barndt, em visita ao Brasil, mostrou interesse em ampliar a cooperação no campo da energia nuclear).

Elio Gaspari.

Em janeiro de 1975, ficava pronto o primeiro rascunho do Acordo Nuclear com a Alemanha. Em junho, numa segunda reunião com o Alto-Comando das Forças Armadas, Geisel relatou: "Estamos com negociações já muito adiantadas com a Alemanha (...), inclusive, para desenvolver energia nuclear e indústria nuclear dentro do país. (...) Eu não excluo a hipótese da chantagem da Argentina. (...) Eu não estou dizendo que o propósito do governo seja este, de procurar fazer arma nuclear, mas nós temos que nos preparar, tecnologicamente, etc., e ficarmos em condições de podermos prosseguir nesse caminho, conforme as circunstâncias."

Os arquivos de Golbery, onde Gaspari encontrou informações sobre essas reuniões de Geisel com o Alto-Comando, registraram, também, o comentário do general Antonio Jorge Corrêa, do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA):

- Acho que só com o fato de o país estar em condições de produzir ele já tem outro prestígio, outro..."

Geisel interrompeu-o:

- Ah, claro, tem outro status. Inclusive, vejam o seguinte: internacionalmente eles nos atribuem uma possibilidade que nós estamos longe de ter. (...) Se nós desenvolvermos bastante a nossa tecnologia nuclear, nós vamos facilmente chegar a isso."

Como se vê, os americanos tinha razão em temer os desdobramentos daquele acordo. Mesmo debaixo de pressões de Washington, Brasil e Alemanha assinaram o acordo, em 27 de junho de 1975. Geisel conseguia anunciar um programa no estilo do "Brasil Grande", no tom do governo do seu antecessor, Medici. E melhor ainda para Geisel, um convicto anti-americanista, isso era feito contra a vontade dos Estados Unidos.

Outro curto-circuito nas relações com os EUA foi o reconhecimento pelo Brasil do governo angolano do MPLA, sob proteção de soldados cubanos. Por uma dessas ironias, o Brasil dos generais e Cuba de Fidel estiveram juntos, de alguma forma, na mesma empreitada. A arriscada decisão da diplomacia brasileira - o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo de Agostinho Neto - se confirmaria acertada. Já o acordo com a Alemanha foi um fracasso, embora não tenha deixado de criar alguma capacitação tecnológica no Brasil, na área nuclear.

(O GLOBO)

junho 24, 2004

Jogo de nervos

Adeptos saem do Estadio da Luz antes do fim do jogo por não aguentarem pressão

Vários adeptos portugueses e ingleses abandonaram hoje o estádio da Luz antes da partida estar decidida por não aguentarem a pressão dos minutos finais do jogo Inglaterra/Portugal, que a equipa nacional acabou por vencer.



Carlos Mesquita, 54 anos, disse à agência Lusa que não aguentou a pressão e, por sofrer de "problemas coronários", optou por não assistir à marcação dos penalties.

"Foi um jogo muito intenso e estou com 120 de pulsação", confidenciou.

Outro espectador, visivelmente perturbado, saiu apressado do Estádio e nem sequer conseguiu falar.

Quando Portugal estava em vantagem durante o prolongamento, vários adeptos ingleses já tinham deixado o Estádio, mas voltaram atrás a correr, quando perceberam que a sua selecção tinha empatado a dois golos.(LUSA)

Portugal está nas meias meias-finais

LISBOA (AFP) Portugal se convirtió en el primer semifinalista de la Eurocopa al derrotar a Inglaterra por penales (6-5), este jueves en el Estadio da Luz de Lisboa, en el partido más apasionante del torneo, después de que el tiempo reglamentario terminara en 1-1 y la prolongación en 2-2.

El portero Ricardo, del Sporting de Lisboa, se convirtió en el héroe de su equipo al detener sin guantes el último penal a Darius Vassell y lanzar a continuación el tiro que daría la victoria a los suyos.



El partido entre ingleses y portugueses fue el más emocionante de esta Eurocopa con continuos cambios en el marcador.

Michael Owen había adelantado a Inglaterra en el minuto 3, y cuando el triunfo estaba cercano, Helder Postiga empató en el 83.

En la prolongación, fue Portugal el que tuvo cerca la victoria cuando anotó Rui Costa en el 110, pero cinco minutos más tarde empató definitivamente Frank Lampard y la suerte de tan bello partido acabo decidiéndose en la lotería de los penales.

Inglaterra jugó desde el minuto 27 sin su nueva estrella, el joven Wayne Rooney, que se lesionó en el pie derecho en un acción con el defensa Jorge Andrade en la que perdió su bota, y fue sustituido por Darius Vassell, de Aston Villa.

Con este resultado, Inglaterra sigue sin ganar a Portugal en un partido oficial desde el Mundial de 1966 (2-1), en que la selección británica ganó el título.



Hace cuatro años, en la Eurocopa-2000, Portugal se había impuesto a Inglaterra por 3-2 y contribuyó a la eliminación del conjunto británico en la primera fase de la competición, en la que el conjunto luso cayó en semifinales ante Francia.

Portugal se enfrentará en semifinales, el 30 de junio en el Estadio José de Alvalade de Lisboa, al vencedor del encuentro de cuartos de final que disputarán Suecia y Holanda, el sábado en Faro.

Outras fotos: (1) (2) (3)
AFP

Há uma certa tensão no ar!

Filho de Reagan critica Bush

Ron Reagan Says Bush Misled U.S. on Iraq

LOS ANGELES (AP) - Ron Reagan, the younger son of the late President Reagan, criticized the Bush administration's foreign policy, saying he believed the president misled Americans to gain support for the Iraq war.

``We lied our way into the war,'' he said on CNN's ``Larry King Live'' on Wednesday, referring to allegations that Saddam Hussein had weapons of mass destruction and direct connections to al-Qaida. ``It's a terrible mistake, a terrible foreign policy error.''



Reagan, 44, a vocal opponent of his father's conservative politics, said he would vote for anyone who could beat the current president.

Reagan also said he was angered over the administration's restriction of federal funding for human embryonic stem cell research.

``It's shameful,'' he said. ``We're not talking about fetuses, human beings being killed. We're talking about collections of cells in a petri dish that are never ever going to be a human being.''

Reagan said he expected his mother to continue to speak out in favor of stem cell research. Nancy Reagan has long argued that such work could lead to cures for a number of diseases like the Alzheimer's that afflicted her husband.

He said Nancy Reagan was doing ``pretty well.''

``I've got to hand it to her. She's 83 years old. She doesn't get around as well as she used to, a little glaucoma,'' he said. But, ``She's a professional.''
(AP)

junho 23, 2004

¿No hay una excepción para los actores?

A partir de hoje começa a colaborar conosco de modo regular o columnista cubano Alejandro Armengol. Dotado de uma profunda sensibilidade e capacidade de análise, Armengol apresentará aos leitores os seus comentários agudos, oportunos e inexqueciveis. Os seus textos serão publicados no seu idioma original, seguindo um dos padrões do Gambá no sentido de ser uma revista multinacional y multicultural. Suas opiniões podem não ser do agrado de todos, mas lembrem-se que no fim de cada texto há sempre um espaço para comentários. Todos mais do que benvindos. Ou será bem-vindos? [RF]




De eso no se habla: La ineficacia de Ronald Reagan

por ALEJANDRO ARMENGOL / Miami

"No en este caso".
(El Séptimo Sello, Ingmar Bergman)

El 20 de mayo de 1983, el entonces presidente de Estados Unidos, Ronald Reagan, afirmó: "Y algún día, Cuba también será libre". Veintiún años más tarde, los cubanos siguen aguardando ese día, que el ex mandatario norteamericano hizo poco por lograr.

En medio de unas honras fúnebres exageradas en busca de dividendos políticos —no siempre un gobierno con los índices de popularidad en picada cuenta con la ventaja de un muerto ilustre—, en que la administración republicana aprovechó al máximo hasta la última lágrima, los exiliados cubanos no se quedaron cortos en elogios y agradecimientos.

Una muestra más de la inmadurez y complacencia de una comunidad que aún se inclina ante el juego de unos pocos aprovechados.

El ex presidente Reagan dominó, como pocos gobernantes, un medio tan voluble como la televisión. En el cine siempre fue un actor secundario —un Errol Flynn de las películas B, como él mismo se describió—, pero no ausente de méritos. Quienes en Europa y aquí lo atacaron por su historial cinematográfico —durante sus campañas electorales y al ser elegido presidente— cometieron un grave error. Fueron culpables de un crimen no político sino artístico: el desprecio cultural hacia el B y todo el cine norteamericano (él, por otra parte, recorrió el abecedario completo de Hollywood: de la A a la B y luego a la I, de informante durante el macartismo).

Reagan —¿el actor, el político? ¿no son uno los dos?— supo comunicar, con sencillez y engaño, la ideología y la moral simplista que imperó en el cine norteamericano de los años cuarenta. Una filosofía que no impedía hacer un buen cine, pero retrógrada desde el punto de vista social.

Regreso al pasado

En una época en que Estados Unidos lamentaba un retroceso en su hegemonía moral y política, propuso una solución fácil: dar la vuelta. Levantó el ego de la ciudadanía norteamericana a cambio de mirar hacia atrás. Su mejor película la hizo en Washington y pudo haberse titulado Regreso al pasado.

Una visión negativa que muchos aún apoyan. Desvió hacia abajo los reproches de la clase media y los trabajadores de esta nación. Los culpables del estancamiento social no eran las grandes corporaciones sino los pobres, quienes se beneficiaban de los programas de asistencia pública.



Limitó los problemas sociales al ámbito personal: el estancamiento nacional era consecuencia de los "vagos", incapaces de adaptarse a las exigencias del mercado. El gobierno no era el protector ante los abusos de los poderosos, sino un freno al desarrollo económico. La carga fiscal impedía el avance y el único sector gubernamental que merecía un crecimiento ilimitado era el armamentista. El resultado fue un déficit enorme que costó años superar, pero que hoy parece olvidado.

El gobierno de Reagan ocultó el alcance de la epidemia de sida durante la primera mitad de la década de los años ochenta. Se le atribuye la frase: "Quienes vivieron en el pecado deben morir en el pecado". Es posible que nunca expresara públicamente esa opinión, pero no hay duda que sus creencias morales y políticas eran acordes con el enunciado.

Reagan también jugó un papel fundamental para que el derrocado dictador Sadam Husein sobreviviera a la guerra de ocho años que Irak libró contra Irán, entre los años 1980 y 1988. No sólo brindó informes de inteligencia, garantías de crédito por cientos de millones de dólares al gobierno de Husein y permisos de exportación a Bagdad para equipos de alta tecnología. En febrero de 1982, el Departamento de Estado retiró a esta nación árabe de la lista de países patrocinadores del terrorismo.

Mientras la administración de Reagan criticaba públicamente el empleo de armas químicas por parte de Husein, privadamente alentaba los planes de realizar negocios con él. En aquel entonces, los fanáticos iraníes eran el enemigo ideológico a tener en cuenta.

Cuba: retórica y consignas gratas

Con Cuba, Reagan se limitó a una retórica similar a la de la actual administración, pero con una consigna grata a los oídos de La Pequeña Habana: "Cuba sí, Castro no". Si bien hizo todo lo posible para detener el avance del comunismo en América Central —a cambio de miles de muertos, violaciones sin límites de los derechos humanos y el escándalo Irán-Contra— e invadió Granada, donde una reducida tropa cubana fue puesta en ridículo, también se mostró dispuesto a invitar al gobernante Fidel Castro a que regresara a la comunidad internacional de naciones del hemisferio occidental, si éste estaba dispuesto a sacar a Cuba del "ala de la Unión Soviética". No le preocupaba que Castro fuera un hijo de puta, sólo que no era su hijo de puta.

Fue durante el gobierno de Reagan cuando —una vez más— el gobierno norteamericano intentó un acercamiento con el régimen de La Habana, a través de los diálogos de Alexander Haig y Vernon Walters con enviados cubanos. También fue él quien negó la entrada en Estados Unidos a miles de cubanos que esperaban en terceros países, mantuvo a más de 3.000 refugiados llegados por el Mariel en cárceles norteamericanas, permitió la visita a este país de funcionarios castristas y devolvió a Cuba a Andrés Rodríguez —quien llegó de polizón a estas tierras y terminó en la Isla condenado a nueve años de prisión.

Acciones similares han llevado a cabo otros inquilinos de La Casa Blanca, decisiones judiciales se han producido en otros períodos presidenciales, pero desde hace años se le pasa por alto a Reagan lo que aún no se le perdona a los ex mandatarios demócratas.

¿No fueron estas medidas contrarias a los intereses y declaraciones de quienes ahora lo lloran por la radio de Miami? ¿Se trata entonces de esa vieja costumbre provinciana de no hablar mal de los muertos? Al igual que a cualquier otro jefe de Estado, a Reagan hay que juzgarlo por sus aciertos y faltas al frente de la nación. Si este artículo sólo habla de las segundas, es porque la prensa norteamericana se ha encargado de saturar al lector con los primeros. Idolatría radial hacia el difunto ex presidente en Miami. Reagan —al menos el actor—merecía mejores intérpretes.

(C) Alejandro Armengol

ADEUS, MEU AMIGO




"Até já".

Afeto cívico no adeus a Brizola
Dora Kramer/Jornal do Brasil

Em sua despedida no Palácio Guanabara, Leonel Brizola esteve assim na terra como em direção ao céu: cercado pelo afeto cívico dos seguidores - a grande maioria pobre, feia, desgrenhada, desdentada e, ontem, também desconsolada.

De cada dez que se apinhavam no salão, ou se alinhavam na imensa fila que ganhava quarteirões para além dos portões do palácio, pelo menos dois traziam ao pescoço o lenço vermelho, marca inequívoca do brizolismo.



Não é para qualquer um, hoje talvez para nenhum político, ostentar o ''ismo'' atrás do nome e, quando fora do poder, juntar tanta nem tão chorosa gente para lhe dizer adeus. Dos que tiveram causa, e mantiveram-se fiéis a ela, Brizola foi o último.

Suas idéias podiam não ser ajuizadas nem lá muito modernas, mas eram firmes e quanto a isso não há quem ouse levantar a menor dúvida.

Brizola deixa para a História um registro de 60 anos de vida pública, mas foi sem nos deixar dela um registro com a sua versão da História da qual foi testemunha.

Digamos que não por falta de tentativa. Foram três ao todo. Ele resistia a biografias que lhe pudessem dar a impressão de aposentadoria. Da primeira vez, usou este argumento - ''não quero dar a entender que cheguei ao fim''; na segunda, pediu tempo até depois da campanha presidencial de 2002.



Na terceira, entretanto, passada a eleição, sentado numa cadeira em frente ao sofá na sala do apartamento da Avenida Atlântica, mar de Copacabana estendido à frente, seus olhos brilharam em sinal de concordância.

Era a senha que a ambiciosa sentada à sua frente, ansiosa por captar-lhe o testemunho, pensou ter recebido.

Pudera, ato contínuo Brizola descansou o copo de vinho tinto na bandeja da mesa ao lado, interrompeu a peroração já oposicionista mal havia começado o governo Lula e saiu apartamento adentro como guia de excursão pelos arquivos em livros, documentos e toda sorte de papelada já em vias de organização por uma pequena equipe, sem objetivo específico.

Pronto, o material para iniciar o trabalho estava ali, pensa logo a candidata a autora, já sentindo-se parte de uma dupla de trabalho e com a sonhada biografia em marcha.



A idéia, detalhadamente explicada a ele, era fazer de Brizola o narrador das últimas seis décadas da política brasileira sob o ponto de vista de quem atravessou o período vendo o mundo virar de cabeça para baixo à sua volta sem sentir-se minimamente obrigado a virar junto seus conceitos e, ainda assim, inteiramente à vontade para se manter na luta.

Não havia dois como Brizola e o argumento lhe pareceu justo.

''Acho que podemos fazer'', disse ele.

De volta à sala, de novo sentados perto da bandeja com vinho, queijo e salame, Leonel Brizola apresenta-se pronto à execução do projeto: determina que serão dois livros, o primeiro volume dedicado à vida e o segundo à obra.

Diz no que consistirá o conteúdo e como será a forma de ambos, fala, fala, até a interrupção cautelosa: ''Mas, governador, o livro quem escreverá sou eu, o senhor é o personagem, não o autor.''

Com jeito de quem sabia o tempo todo o fim da história, Brizola dá um sorriso de ironia plena, vira as palmas das duas mãos para cima como quem diz ''paciência'' e encerra o assunto: ''Está vendo? Não vai dar para fazer o livro, você é muito autoritária...''

E assim deve ter sido com outros proponentes, não obstante uma espirituosa autodefinição de Leonel Brizola dizendo-se um servo dos horóscopos: ''Sou de aquário, cordato e, até certo ponto, submisso".

Até o fim

Brizola saiu de cena fazendo política até o último minuto. Domingo à noite, doente, tomando soro, insistiu em receber em casa o casal Garotinho para discutir o projeto de unir o PDT ao PMDB.

A governadora e o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro quiseram desistir quando souberam que o médico proibira reuniões políticas.

Mas Brizola insistiu, estava animado com a possibilidade de vir a ser o candidato a prefeito do Rio numa coligação entre os dois partidos.

Mesmo de pijamas, não mostrava nenhum traço de indisposição que pudesse antecipar o que aconteceria pouco mais de 24 horas depois.

Falou, gesticulou, brincou, avaliou, analisou o cenário político para concluir que lhe cabia ainda a tarefa de construir ao eleitorado brasileiro uma alternativa ao PSOL pela esquerda, ao PFL e ao PSDB pela direita e ao PT pelo centro, campo onde, na avaliação de Brizola, Lula vai estacionar.

Ontem de manhã, ele teria encontro com o presidente do PMDB, Michel Temer, para fechar grande acordo nacional, combinar lutas futuras porque para Brizola ainda era cedo demais.



A última entrevista do Brizola ao Globo



Editorial/JB
O guerreiro descansa

Fosse outro o personagem, tantos comentários dissonantes e definições de tal forma pendulares poderiam causar estranheza. No caso de Leonel de Moura Brizola, fulminado na segunda-feira por um enfarte agudo do miocárdio, só poderia ser assim. Morto aos 82 anos, Brizola foi desde sempre um polemista vocacional, o epicentro de furacões, o senhor das tempestades, o combatente incansável. ''Sou como cavalo inglês, vou morrer na cancha'', prometeu. Cumpriu a promessa. E a reação à partida do último caudilho se transformaria na mais perfeita homenagem a alguém avesso a unanimidades.

Em discursos, declarações e entrevistas, brasileiros de todas as tendências forneceram uma amostra da extensão do vocabulário inspirado por Brizola. Coerente, destemido, prisioneiro de convicções e princípios. Ou centralizador, personalista, teimoso. Verborrágico, falastrão. Ou grande orador, tribuno carismático. Político disposto a qualquer aliança, articulador de acordos detestáveis, filhos do oportunismo. Ou estrategista talentoso, capaz de suportar parcerias pouco agradáveis para chegar mais rapidamente ao destino desejado pelas massas populares. O isto e o aquilo. Assim haveria de ser com Brizola.

Nem poderia ser tão diferente com um homem que na metade do século passado, com pouco mais de 30 anos, começou a construção de uma biografia atulhada de singularidades. Aquele gaúcho de Carazinho, estrela nascente do PTB getulista, deixou claro que iria longe, e não se deteria nas fronteiras do Estado. Ele seria o mais jovem governador do Rio Grande do Sul. Em 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros, chefiou a reação à quartelada que tentou impedir a posse do vice-presidente João Goulart.

Transformado em figura nacional, candidatou-se a deputado federal pelo Rio de Janeiro nas eleições de 1962. Conseguiu a maior votação da história. Nos anos seguintes, ao defender em pronunciamentos cada vez mais agressivos a execução de reformas ''na lei ou na marra'', entrou em cena um Brizola bifronte que, em muitos momentos, confundiu os próprios devotos. Graças ao governador, Jango pudera tomar posse. A atuação do deputado (e cunhado do presidente) contribuiria poderosamente para que os militares o derrubassem em 1964.

Ninguém sofreu exílio tão longo. Depois de algumas aventuras guerrilheiras, sossegou. De volta ao Brasil ao fim de 15 anos, confiscaram-lhe o PTB. Fundou o PDT e assim nasceu o ''brizolismo'' - uma confusa mistura de dogmas nacionalistas com chavões antiamericanos, temperados pelo elogio do envelhecido ideário trabalhista. Os eleitores nunca souberam ao certo o que era isso, mas votavam em Brizola. Eleito governador do Rio duas vezes, sucessivamente derrotado em disputas presidenciais, fez sempre o que achou correto. E afastou quem se negou a acompanhá-lo.

Defendeu a prorrogação do mandato do general João Figueiredo, discursou nos palanques da campanha das Diretas-Já, flertou com um governo o Collor já agonizante, manteve-se em feroz oposição a Fernando Henrique e ajudou a eleger o presidente Lula da Silva, com quem logo brigou.

Na véspera da morte, já acamado, o lutador participou de reuniões políticas. Vai fazer muita falta ao PDT, que dificilmente sobreviverá à morte do comandante. Brizolismo sem Brizola é janismo sem Jânio. E o Brasil terá de examinar com a merecida atenção uma genuína relíquia política. O guerreiro descansa em paz. Morreu na cancha.

(C) 2004 Jornal do Brasil



O homem da metralhadora

Cigarro na boca, metralhadora Ina no ombro, o governador Leonel Brizola desce ao porão do Palácio Piratini para mais um pronunciamento através da Cadeia da Legalidade. É 1961, auge da crise da renúncia de Jânio. As armas não foram usadas, evitou-se a guerra civil mas Brizola seguiu pela vida afora de metralhadora. A verbal, que cuspia palavras francas, certeiras e corajosas, numa cultura política marcada pela dissimulação e o eufemismo.

A franqueza e a sinceridade quase rude muito o distinguiram na segunda fase de sua vida política, após a volta do exílio. Concordando ou discordando dele, ninguém podia ignorar o que pensava sobre tudo e todos. Com Brizola, vai-se a franqueza na política.

As gerações pós-redemocratização lembram-se dele no PDT, construindo Cieps no Rio, perdendo eleições presidenciais, brigando e se reconciliando com o PT e com Lula, afagando ou desancando presidentes. Não do homem da metralhadora Ina, que protagonizou o mais importante movimento de resistência democrática do país. O país esteve à beira da guerra civil mas a democracia prevaleceu, mesmo com um remendo parlamentarista. O golpe acabou vindo, em 1964, mas ficou a lembrança de que o povo organizado, tendo um líder, pode fazer a hora. Como acabou fazendo entre 1984 e 1985, pondo fim à ditadura pela via eleitoral. Muitos, nem tão jovens, só puderam avaliar o inteiro papel de Brizola na crise de 1961 com a publicação do livro “Que as armas não falem”, de Paulo Markun e Hamilton. Infelizmente, talvez, o episódio tenha despertado a ilusão da luta armada nos jovens que se imolaram durante a ditadura. E num primeiro momento, com o apoio dele, que lá do Uruguai tentava comandar movimentos de resistência à ditadura.

Neste final da vida, o que consumiu Brizola foi sua profunda decepção com o governo Lula. Mas este é um desencontro que vem de longe. Quando voltou ao Brasil depois da Anistia de 1979, Brizola deparou-se com o movimento pela “unidade das oposições” em torno do PMDB. O apelo à unidade impediu que muitos retornassem ao berço trabalhista. Para completar, perdeu a sigla PTB para Ivete Vargas. A seguir, veio a criação do PT, que ele tomou como uma rejeição e um golpe. Acreditou que seu PDT viesse a congregar sindicalistas, nacionalistas e a esquerda democrática. Ainda assim, “engoliu” Lula em 1989, e foi seu candidato a vice em 1998. Em 2002, apoiando Ciro Gomes, dizia num almoço em Brasília:

— O PT está muito amestrado, virou bom moço. Para mim, já foi cooptado...

E naquele momento, antes ainda do segundo turno, ninguém imaginava o que viria a ser o governo Lula.

Mas Brizola chegou mesmo a acreditar que Lula viesse a se tornar um herdeiro moderno do trabalhismo. Quando aceitou ser vice na chapa de 1998, disse isso a Lula, numa conversa de que participaram o senador Mercadante e o deputado Neiva Moreira: presenciara o momento em que “o velho Getúlio”, como dizia, nomeou Jango como seu herdeiro político. Com a morte de Jango, assumira a tarefa de manter viva a tradição trabalhista. Agora, em 1998, estava convencido de que este papel caberia a Lula, e que, para isso, PT e PDT teriam que se entender.

Mas a chapa Lula-Brizola foi derrotada por Fernando Henrique e a relação PDT-PT degringolou para sempre, resultando na hostilidades de brizolistas ontem a Lula no velório.

Brizola vivia com certeza uma grande solidão política. No réveillon de 1999 para 2000, já de madrugada, conversou até as 5 horas da manhã na sacada de seu apartamento com Cibilis Viana e um grupo de convidados. Olhando o povo que se retirava da praia sob a chuva fina, evocou muitas passagens de sua vida e os companheiros que haviam partido recentemente: Darcy Ribeiro, Bocayuva Cunha, Doutel de Andrade e Brandão Monteiro, entre outros. Mas achava que ainda tinha muito o que fazer no século que se iniciava. Vê-se que o seu já passara e lhe dera um destacado papel na História da democracia brasileira.

Duas linhas na educação

Um dos méritos de Leonel Brizola foi ter inscrito a educação como política pública prioritária. Fez isso no governo gaúcho e depois no Rio. Lula escolheu exatamente o ministro da área, Tarso Genro, que é gaúcho, para representá-los no sepultamento em São Borja.

Antes de embarcar para Nova York, Lula teve com Tarso uma reunião para avaliar o andamento da política educacional. Aprovou os quatro eixos adotados pelo ministério: alfabetização e inclusão, ensino técnico e tecnológico, instituição do Fundeb e reforma do ensino superior. Segundo o ministro, pediu atenção especial aos dois últimos. O Fundeb, versão ampliada do Fundef, para abarcar também o ensino médio, é a receita para a melhora da qualidade do ensino básico. O projeto vai ao Congresso em agosto.

Na reforma do ensino superior, Lula insistiu na separação entre joio e trigo. Que as boas instituições privadas sejam premiadas e os balcões que vendem diplomas, combatidos. Em relação à universidade pública, concordou com a linha de Tarso: agilizar o repasse de recursos a todas, mas reservando recursos para financiar projetos destinados à expansão e à melhora da qualidade.

ESTABELECEU-SE uma trégua entre os ministros Aldo Rebelo e José Dirceu. Bombeiros entraram em campo fazendo ver aos dois que precisam baixar as armas e conviver construtivamente. Teriam prometido fazer o possível. É acreditar ou esperar por nova crise.



A COLUNA DE ELIO GASPARI

Com Brizola, acaba-se o século XX

O século XIX brasileiro terminou em 1891, com a morte de D. Pedro II e o XX, em 2004, com o fim de Leonel Brizola. Num caso, pela importância do falecido. No outro o declínio embutiu-se na longevidade. Nos dois, o imperador e o engenheiro foram derradeiros depositários dos sonhos, dos pesadelos e das desgraças que fizeram a história de seus tempos. Mortos, fecharam a cena, mesmo depois de terem deixado de ser protagonistas.

Deixando-se de lado o Pedro Banana, Brizola foi o último personagem da História de uma geração que viveu paixões e antagonismos a um só tempo insuperáveis e inúteis. Noves fora Juscelino Kubitschek, com seu enorme sorriso e sua fé no progresso, os principais personagens desse tempo escreveram páginas de rancores e ódios, para nada.

Foram muitas as encrencas nacionais do século XX, mas a maior delas aconteceu em 1964, quando o Brasil marchava para uma divisão que parecia irremediável. De um lado estava JK, candidato a presidente por uma coligação conservadora muito parecida com a que o tucanato prepara em benefício de FFHH. De outro, Carlos Lacerda, candidato de uma frente feroz, modernizante e cesarista.

Nos primeiros meses de 1964 a direita não admitia que JK fosse eleito presidente e a esquerda não aceitava que Lacerda sucedesse a João Goulart.

Vieram os generais e deu no que deu. Passados vinte anos de ditadura, qualquer lacerdista seria capaz de reconhecer que JK teria sido a melhor escolha. E qualquer esquerdista preferiria ter visto Lacerda no Planalto.

Caiu-se no atoleiro porque nenhum dos dois grupos tinha compromisso com a democracia. Melhor dizendo, ela era um brinquedo que só servia como instrumento de vitória.

Brizola morreu num novo século de um país em que não há mais espaço para apelos (tão ao seu gosto) às raízes nacionalistas dos militares, nem às insurreições dos despossuídos.

Será sepultado em São Borja a um só tempo o campeão da legalidade constitucional de 1961 e o último manda-brasa do século XX.

Vale lembrar suas palavras no dia 13 de março de 1964, quando se supunha que as forças civis e militares anexas ao dispositivo político de João Goulart arrastariam as fichas do impasse constitucional que cevavam: “O Congresso é hoje um poder que está comprometido, que se compõe de uma maioria de privilegiados. (...) Portanto, aqui vai uma palavra de quem deseja uma estrutura reformada, de quem deseja ficar livre da espoliação internacional. Por que não transferir a decisão para o próprio povo brasileiro, fonte de todo o poder?” Cunhado do presidente e candidato à sua sucessão, queria uma Constituinte que lhe desobstruísse o caminho para o Planalto. A ditadura militar obstruiu-lhe a vida, obrigando-o a 15 anos de exílio.

Nomeando-se herdeiro de Getulio Vargas, Leonel Brizola viveu carregando a bandeira do trabalhismo (seja lá o que for que isso signifique). Morto, reavivou emocionantes lembranças do século XX, mas deixou pequena herança ao XXI.
ELIO GASPARI é jornalista.

As matemáticas (ou desculpas) da Federação

Voçes não pensem que eu gosto assim tanto de futebol. No entanto, este campeonato europeu que temos em Portugal está-me a abrir o apetite para “mandar bocas”. Amanhã temos o jogo contra a Inglaterra onde o mais provável é que aconteça conosco o que o Scolari sugeriu aos espanhóis. Como que a adiantar as coisas, a Federação Portuguesa de Futebol – que gosta muito de estar em cima dos acontecimentos – acaba de sacar um comunicado com uma interessante conta matemática. Vejamos:



Comunicado da Federação Portuguesa de Futebol:

«A propósito de notícias veiculadas por alguns OCS, relacionadas com o possível número de adeptos de Portugal e da Inglaterra no Estádio da Luz, a FPF esclarece o seguinte:

- Em devido tempo, a Sociedade Euro 2004 abriu a venda de bilhetes ao público em geral, através da Internet;

- Posteriormente, foram registados 8.500 pedidos de bilhetes para adeptos ingleses e 9.200 de nacionalidade Portuguesa;

- Foram vendidos, nessa altura, cerca de 45 mil bilhetes, o que significa que a diferença para os cerca de 18.000 bilhetes, vendidos a portugueses e a ingleses, está na posse do público em geral, oriundo de diversas nacionalidades (onde se incluem canadianos, franceses, americanos, espanhóis, suiços, alemães, etc.);

- Cada Selecção participante no jogo Portugal-Inglaterra teve direito a mais 5.500 bilhetes;

- Deste modo, legalmente registados estão cerca de 14.000 adeptos de nacionalidade inglesa e 16.000 de nacionalidade portuguesa.

- Se houver mais bilhetes com adeptos ingleses, tal significa que esses ingressos foram adquiridos fora do circuito normal, matéria que, naturalmente, competirá à PSP averiguar.»


Como diz o João, “estamos salvos”.

“Afinal tá tudo bem: 45-18 mil = 27 mil estão nas mãos de franceses, canadianos, marroquinos, argelinos, americanos... só da Nigéria vem um autocarro cheio! O que vale é que somos 16 mil num estadio de 65 mil, e por falar em 65 mil: então e dos 45 para os 65 mil sobram 20 mil, onde andam? Eu já procurei em casa e não encontro!”.

Comentários para quê? É uma federação portuguesa e só usa pasta medicinal Couto!

junho 22, 2004

Olha se a moda pega!



Tran Van Hay, 67, from Chau Thanh district in the southern Kien Giang province of Vietnam poses for a photo showing his over 6.2 meters (20.34 feet) long hair Saturday June 19, 2004. Hay has his name written in the Vietnam Guinness Book of records and is expected to have his name written in the world's Guinness record book soon. Hay has not had his hair cut for 31 years. (AP Photo/Thanh Nien)

junho 21, 2004

Adeus, Leonel



¡Hasta la Victoria, Siempre!

junho 20, 2004

Chico Buarque… do Mundo

Hoje abrimos a nova página dedicada ao Capitão da MPB. Não deixe de a visitar regularmente. Pode clikar aqui ou ao lado.

EDITORIAL: Scolari

Já sei o que estão a pensar, que o cronista desportivo do Gambá não tem nada a dizer, ou anda encavacado, depois do que disse do Scolari nos últimos dias.

Pois não. Neste momento da vitória (também podia ser melhor, porque isto de 1 a 0 no final do desafio também é quase por favor, mas adiante) resta-nos senão felicitar o treinador, a equipa e os adeptos – aquém e além mar. O espirito de Aljubarrota foi enaltecido e os rapazes tiveram um desempenho razoável.

No entanto, em relação ao treinador é melhor esperar pelo fim do campeonato antes de emitir uma opinião.

Neste caso é mesmo para dizer que, "pronósticos só no final do jogo".

O editor desportivo.---

Ganhámos aos espanhóis, porra!



Um golo de Nuno Gomes, aos 57 minutos, chegou para Portugal bater a Espanha (1-0) e qualificar-se para os quartos de final do Euro2004 de futebol, deixando pelo caminho o vizinho ibérico. Depois da infeliz estreia com a Grécia (derrota por 2-1), Portugal venceu a sua segunda "final" do Grupo A, quatro dias depois de ter retomado o caminho do apuramento com o triunfo por 2-0 sobre a Rússia, equipa que bateu a Grécia por 2-1. Desta forma, Portugal acabou por assegurar o primeiro lugar do agrupamento, com seis pontos, mais dois que os gregos, que acompanham a selecção anfitriã nos quartos de final, apesar do desaire frente a uma equipa que já não tinha qualquer hipótese de qualificação. Um dia depois da República Checa, que venceu a Holanda por 3-2, na segunda jornada do Grupo D, Portugal e Grécia são as outras duas equipas já apuradas para a segunda fase da competição. A selecção espanhola de futebol repetiu a sua história ao ser afastada de um grande torneio internacional pela equipa anfitriã, assinalou a agencia noticiosa espanhola EFE acerca da derrota frente a Portugal por 0-1. Há dois anos, a Espanha foi eliminada do "Mundial" pela Coreia da Sul, lembra a EFE, referindo que Portugal, como quase todos os outros países que já organizaram o campeonato europeu de futebol, conseguiu qualificar-se para os quartos de final. "Uma chicotada de Nuno Gomes destruiu o plano de Espanha", diz também a EFE. Segundo a agência Associated Press, "o suplente Nuno Gomes catapultou Portugal para os quartos de final com o único golo do jogo". O resultado permitiu a Portugal "ultrapassar um inicio decepcionante" do Euro, quando perdeu frente à Grécia por 1-2, e desencadeou a festa entre os adeptos que acorreram ao Estádio Alvalade XXI, diz a Associated Press. "Espera-se Raul ou Figo e, afinal, foi o "jocker" Nuno Gomes, que entrou na segunda parte no lugar de um apagado Pauleta, que marcou o golo que qualificou Portugal", realça a agência France Press, para quem o encontro ibérico foi "muito renhido" e o "explosivo" Nuno Gomes foi a "faísca" que incendiou o jogo. (RTP)


"Ó Maria, esta noite há festa lá em casa”.

Os espanhóis desiludidos! (o que é que esperavam?)

O que dizem os jogadores

"Sinistro total", diz o El Mundo



Luiz Felipe Scolari (seleccionador de Portugal): "Foi a vitória de um grupo que trabalhou para vencer. De todos eles e do público que incentivou e acarinhou desde os jogos com a Grécia e com a Rússia. Vibrámos todos juntos, com todo o entusiasmo.

Não podemos dizer que foi um grande jogo, sem erros. Foi um jogo disputado, em que mostramos a concentração e motivação com que temos de jogar.

Foi maravilhoso. Quero dar os parabéns a todas as pessoas que nos apoiaram, desde que saímos de Alcochete até que chegámos aqui. Agora, vou para casa, para a minha família, dar um abraço à minha mulher, porque não sei se consigo fazer outra coisa...

A chave foi o segundo jogo e tudo o que aconteceu no primeiro, que nos fez planificar melhor o segundo, e ainda o envolvimento da população, após o jogo com a Rússia. Foi brilhante e deu-nos alento e atitude na briga com a Espanha.

Tivemos a supremacia, tivemos cinco situações e eles duas ou três. O espírito da equipa e do povo português foi fantástico. (Fiz história) no sentido positivo e negativo, porque também perdi jogos que Portugal nunca tinha perdido. O mais importante foi este jogo. Foi hoje e foi óptimo.

Fisicamente a equipa está muito bem. Tecnicamente ainda temos de aprimorar alguns aspectos. Amanhã é dia livre. Só à noite é que a equipa se vai juntar em Alcochete. Adianto já, que vou mudar a equipa.

Algumas críticas são construtivas, outras absurdas. Só se prova alguma coisa ganhando. Tem muito arquitecto, vendedor escrevendo, que não tem a profissão de jornalista.

O que vier agora é lucro. Não existem mesmo equipas fracas. Por exemplo, a Letónia perdeu com a República Checa por milagre. Quero mandar daqui um abraço para a equipa da Croácia, que nos tem mandado faxes de apoio desde o início. Boa sorte Croácia. Quero ainda agradecer ao senhor Saez pela gentileza e cavalheirismo depois do jogo.

Tive dificuldade na montagem de um grupo, porque não tive tempo para conhecer os atletas. Tecnicamente não tive problemas. Conhecer as pessoas foi o maior problema. Não sou um conhecedor de psicologia e fui tomando as decisões para resolver os problemas".



Portugal alcançou uma vitória extremamente saborosa frente à Espanha (1-0) e qualificou-se para os quartos-de-final do Euro 2004.

Nuno Gomes entrou ao intervalo para o lugar do "apagado" Pauleta e deixou um país em festa, com a obtenção do golo solitário da partida que "atirou" a formação espanhola para fora do Campeonato da Europa.

Sabia-se de antemão que não havia margem de erro para os dois lados, no jogo do "tudo ou nada". A verdade é que, apesar do maior ímpeto português nos 20 minutos iniciais, a primeira parte foi disputada palmo a palmo, com marcações rígidas, apenas desfeitas pelos movimentos imprevisíveis de Cristiano Ronaldo e de Deco.

Se o extremo do Manchester United trocou as voltas aos adversários directos, Deco esteve também ao seu melhor nível. Contudo, a "chave" do êxito português assentou no colectivismo, já que no plano defensivo todos os jogadores revelaram um enorme sentido de entreajuda.

Vicente e Joaquin foram bem anulados por Miguel e Nuno Valente, sendo também de destacar as exibições de Ricardo Carvalho e de Jorge Andrade em terrenos mais recuados.

O nulo que se verificava ao intervalo interessava aos espanhóis e daí que Scolari tenha mudado de pontas-de-lança na perspectiva de incutir maior dinâmica no último terço do campo. Para o seleccionador foi o "jackpot": Nuno Gomes chegou viu e venceu. À imagem do célebre golo frente à Inglaterra no Euro 2000, a "crença" do ponta-de-lança foi fundamental e, num remate de fora da área, deixou Alvalade em autêntico delírio.

Já era esperada a reacção espanhola que, de facto, chegou a deixar os adeptos lusos algo apreensivos.

Fernando Torres atirou ao poste e, mais tarde, seria Helguera a ver a barra negar-lhe o golo. O conjunto orientado por Iñaki Saez foi encostando Portugal à sua área e Scolari foi obrigado a mexer na equipa, abdicando de Figo e de Cristiano Ronaldo, em nome de uma maior consistência defensiva.

Nesta fase crucial do jogo, Deco soube guardar a bola, jogando com o relógio. Aproveitando o "desespero" espanhol, Portugal esbanjou ainda três ocasiões de golo soberanas (Nuno Gomes, Maniche e Costinha) até ao apito final de Anders Frisk.

Com este triunfo, a selecção nacional juntou o útil ao agradável e garantiu o primeiro posto do grupo A, beneficiando da derrota da Grécia frente à Rússia. (SIC)

Scolari aos espanhóis antes do jogo: “Vão mas é tomar no cú!”

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai apresentar uma queixa à UEFA contra a rádio espanhola "Cadena Ser" pelo tratamento jornalístico dado por aquela estação, existindo a possibilidade de o organismo que superintende o futebol europeu retirar as acreditações aos jornalistas daquela emissora que estão a cobrir o Campeonato da Europa.

A queixa da FPF baseia-se na chamada telefónica que a "Cadena Ser" fez anteontem para o telemóvel de Luiz Felipe Scolari, sem que o seleccionador português tivesse autorizado a gravação. Nessa conversa de escassos segundos, o técnico brasileiro utilizou expressões como "isto é uma guerra e nas guerras tenho que matar e não morrer". Uma frase que posteriormente foi utilizada fora do contexto e à qual foi conferida por parte da Imprensa eapanhola uma gravidade que não tinha, até porque não deveria ter sido mais do que uma conversa privada.

Mas a "Cadena Ser" não se ficou pelo telefonema de anteontem. Ontem à tarde, no "Carrusel Deportivo", o programa de maior audiência das rádios espanholas, o humorista Paco Gonzalez quis brincar com a frase e ligou para o telemóvel de Luiz Felipe Scolari. O seleccionador nacional é que não gostou da brincadeira e respondeu curto e grosso.

O JOGO transcreve agora a conversa que entre os dois:

PACO GONZALEZ | Senhor Scolari, boa tarde.
LUIZ FELIPE SCOLARI | Quem fala?

PG | É o inimigo
LFS | Quem, perdão?

PG | Sou o inimigo.
LFS | Não entendo.

PG | Quando é que nos vão atacar?
LFS | Você e a sua rádio vão mas é tomar no cu!

Mais uma vez sem autorização do visado, a conversa telefónica foi posta no ar em directo e, posteriormente difundida em grande escala.

MANUEL CASACA/O Jogo
(C) 2004 O JOGO

junho 19, 2004

O CHICO TÁ A FAZER 60 ANOS



A gente já lá vai!

ALJUBARROTA - PART II



É isso mesmo, a Batalla de Aljubarrota de novo nos campos portugueses. Amanhã no Portugal-Espanha, o fantasma da padeira volta aos estádios. Pelo menos o Scolari já deu o mote: “Não falo com espanhóis. É uma guerra e na guerra tenho que matar e não morrer”. Ouça aquí

Scolari tem o futuro garantido se perde com a Espanha. Aquí, na imagen, treina para porteiro de boate. Em Basora.

junho 18, 2004

Sousa Mendes... apenas isso. Um nome. A respeitar.



Em 1940, quando a Alemanha nazi ocupou a França, Aristides de Sousa Mendes era cônsul em Bordéus. Contrariando as ordens de Salazar, emitiu vistos a milhares de judeus que lhes permitiu fugir para Espanha e Portugal - e, depois, para o mundo livre, escapando assim ao Holocausto. A recompensa desta atitude heróica foi a marginalização e o afastamento da vida diplomática. Sousa Mendes morreu na miséria há cinquenta anos, o que diz muito sobre o Estado Novo. Ainda hoje não se reconhece em Portugal a dimensão do que ele fez. Há poucos casos de humanismo e de decência, no século XX português, que se aproximem do exemplo de Sousa Mendes. Spielberg devia ter feito o filme sobre ele.
Ao Sousa Mendes, a nossa homenagem.

junho 16, 2004

YEEEEEEEEEESSSSSSSSSSSSSSS!



Rússia-0 Portugal-2. A turma das quinas somou um importante triunfo e continua a sonhar com a passagem à fase seguinte. Maniche e Rui Costa apontaram os golos de Portugal que, na segunda parte, teve alguns problemas para tirar partido da superioridade numérica (Ovchinnikov foi expulso à beira do intervalo). Os jogadores que saíram do banco resolveram a questão: Cristiano Ronaldo fez a assistência e Rui Costa fixou o resultado final.

Pai nosso que estás no céu…



Ao intervalo. Rússia-0 Portugal-1.
A turma das quinas chegou à vantagem graças ao tento madrugador de Maniche e depois controlou o rumo dos acontecimentos. À beira do intervalo, a selecção russa ficou em inferioridade numérica devido à expulsão de Ovchinnikov.

CALMA, MEUS RAPAZES!